domingo, 5 de abril de 2009

Tempos de morrer

Enquanto morres
devagar
que sei que morres
sinto
deste sentimento impalpável
que nos une
a vontade última de ser aquele
a tocar-te os olhos
no teu último instante
ver
como se viam os amantes
que nem fôssemos um
dia
ou outro qualquer
sei
que não era lentamente e sim
distante
o direito meu
de apalpar tuas lágrimas pela última vez
o direito meu - legalmente untado ao teu espírito
sê-lo: aquele que depois de tantos olhos
cerrá-los, por fim, com as minhas mãos

tu que olhaste tanto
e tanto
se desesperaste em me reencontrar
não pensas que seria a sorte
ter-me ao final do leito
a te
encerrar os lábios

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