sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dia do Dragão

que não há guerra mais bela
como esta das aflições do teu espírito

em que batalham os mitos entre si

nós, te levaremos, ao reino supremo da vaidade humana
porque nós criamos
e destruímos: os santos, as alegorias, os anjos, os demônios todos:
quem nos enfrentaria?

todo dia é o nosso dia vitorioso
que nos espalhemos na terra (esperma)

quentes à noite e furiosos: hail aos dragões

e às multidões de nós: porque já nos disseram que és vários
igual.

À palavra detrás pra frente: hail!

o teu nome nosso em todos os dias e noites e tempos de escuridão e tempos de sortilégios entre o homem e o homem não há fracos: porque somos vários.

Olhai ao céu e ao chão: porque entre eles caminhamos
te acolhemos
te queremos
sedentos: abraçaremos tua alma e teu corpo que nos pertence

Nenhuma criatura a não ser vivente lhe trará o amor que tanto sentes.

Hail ao poder dos dragões: que somos nós.

Porque quando acabares (tu) no teu conflito: sentirás o hálito de um gozo sem fim:
livres de todas essas mentiras que lhes postaram no caminho

Nós precisamos de nós que na batalha nunca sangrenta de hoje: mais um capítulo de vitória.

(não? ris?)
(não? Ris! comigo)


quarta-feira, 21 de abril de 2010

presente


oferecemos (nós)

mais um coração sadio

em

troca

do pensamento liberto
o espírito urge em mil

nascimentos

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Nós II

é que nos caçando
aprendemos a fugir

a render
a prender

a correr mais
afiar as almas

afinar os gritos: aprendemos a caçar melhor.

é que nos caçaram: e procriamos.
é que temos hálito e força maior.

é que ensinaremos sobre as leis e os mistérios:
tu estás mais próximo de nós
tu estás na linha divisória porque o passado nós regurgitamos
expelimos o futuro diante das tuas linhas

das mãos e dos pés: lhe traremos patas.

As cobras se tornarão dragões: nós formamos a legião
é que nos confundiram
e nos tornamos maiores

ensina também os teus bichos
a caçarem espíritos
a prenderem mortos
a correrem com a seiva na boca: entregar-te em vida.

Nós preparamos os neófitos
Nós treinamos os soldados
glorificamos os guerreiros
elevamos os mestres: e cria tu a tua legião de mil nomes: cada nós que vos possui:
em milhares.

porque nosso símbolo são vários: a força é o supremo sinal.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

que tu participas

legionário, toca a minha mão, que tu sentes com as tuas: esquece o mundo dos espíritos

não fica com medo por ter nos
feito
felizes

toca meu espírito: e alimenta

o mesmo sombrio
é das sobrancelhas

meu olhos estão nos seus
todos os olhos, legião.

deixa o corpo amolecer em paz
e molestamos nós os pesadelos: nós somos a causa

nós causaremos a cura

nós curaremos o mundo: porque somos
mais que os espiritos
e os imundos
e os nostálgicos
e os sorrateiros da luz

nós viemos por nós
(que tu agora participas)


sexta-feira, 2 de abril de 2010

abstinência

não é preciso ficar com tantos receios: o estômago regurgita como o espírito em estado de suores. é o início de tudo, meu amor.

tem horas que sentirás sede e nessas horas te lembrarás de mim e de nós quase juntos sobre o asfalto. as risadas todas como se fôssemos heróis, eu te prometo que não te enganei.

as células morrem.

não é coisa da ficção mas da alma. e compreendes bem dos outros sentidos: parece enlouquecer.

e não é amor também. a cultura deixa de existir e imprimir suas palavras todas. é a imagem de nós. dos nossos líquidos. dos nossos movimentos: em lentidão. não foge. na outra esquina estamos nós.

e te alimentaremos. te trataremos. te cuidaremos. eu e tu somos nós.

parece adoecer. adoecerás sempre.
parece me odiar. e me odiarás por um tempo.
parece revoltar os ossos se debatem de madrugada?
os dentes brancos não tem mais o mesmo efeito.

os teus lábios tem a minha falta.
os teus momentos que estão no futuro do pretérito e no passado. todos eles fatigados.

eu não te quis assim, este é o momento de cuidar de mim.

abstinência: do mundo do qual já não participas não é tão ruim.
eu te abraçarei na volta como guerreiro, eu lhe darei uma parte do reino.
eu te conduzirei aos prazeres sãos. aos movimentos sem fim.

tudo é dança, riso
lembra? do quanto eu fui bom. lembra? do quanto eu lhe dei e se me devolves
sem querer: é porque eu precisava sabendo. sempre soube. de ti.

(não morrerás, a vida é outra, sofre e sê forte na escuridão do teu espinho)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

soldado

não chore, amor
o beijo que não te dei
é menor
que o reino que nos fomos dados

só tu não sabias a mística que existia
entre os meus lábios e a carcaça viva

eu alimentei teu coração entre trocas concedidas

tu podes enxergar a luz que lhe dei?
tu deves te alimentar do mesmo prazer invisível:
quando o pulmão pulsa forte e intenso
quando o cérebro treme e ejacula
quando das tuas partes íntimas o plasma cresce
o reino

quando não te abandonaremos
porque sou vários
e tu também, não vês?

desce os joelhos à legião
que te acolhe

(olhe ao redor porque sentiste que te tocarão no futuro os ombros: e era tu)

podes ver que estás marcado
e reconhecido na escuridão

por que eu cheguei? por que estava em teu destino?
e por que vieste-me de presente
por que perguntas se agora somos um-sem-volta

a tua alegria elevou meu espírito fantástico
não te angusties pelo que já és
alimento
és

e sendo nossa parte cuidaremos (tu e nós) de ti mesmo:
renderemos ao grande final
todas as rebeliões

hail, diga a ti
hail, diga a mim
hail, diga-nos

(e sorri, soldado, sorri)