sexta-feira, 28 de maio de 2010

mudo. de mudar.

agora, novo legionário

olha a montanha dos vidros
quebrados

olha o passado (que já passou)

e ajoelha:

o teu corpo e o teu medo
estes tremores todos ao redor
e dentro

são nossos

e fazem parte de quem
e fazem parte de mim
e fazer parte - a parte está o outro.

em parte, estamos todos.

é que te mostramos o mundo
e o novo mundo
e o antigo mundo: em que ficaste pra trás?

não, legionário, ergue teus olhos desta escuridão
que é eterna
e vê sobre os cavalos e sobre as sombras

não há luz que cega: há medo que diminui
durante tanto tempo torturado

meu novo, amigo, te liberto.

que mudaste nas alturas do teu mais podre ventre
eu mesmo encontrei nos teus joelhos a força de me valer vivo
eu mesmo nos encontrei no toque, que formamos, uma célula só

e não solitária, ai de nós
e nosso império, querido-nos
querido-nos
não nos foi dito: amai uns aos outros?

querido-nos
quedo-vos todos que nos angustiaram
e te liberto.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Queda ao hostil

então não havia mais tempo
ele
cai

hail, a queda satisfeita
hail, aos lobos

e as mandíbulas soltas
todas
costuradas

e a alma inteira, inimigo
c
a
r
com
ida.

comido os teus alimentos
não és mais
nem serás

que no seu ombro choram
apenas dores

que de tempo em tempo
a força
ur
g
e
e unge: os tentáculos são mais ágeis que as línguas

os sustentos pelos teus nervos
inimigo, inimigo
à
legião que te rodeia
a
penas
ajoelha.

(e aceitaria a dádiva de não conseguir mais: nada)

pelo que perseguiste os poemas belos
de nossas
madrugadas: tombas

(em não te paz)
(em não te paz)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Finados os teus dias na Nossa terra

amor não há
do resto de nós
uma asa inteira onde gritei liberdade
junto
aos meus

pés juntos

meus amores
se dedicaram à legião
de outras tantas reencarnações

ou encarnados todos
viveram felizes

amor, não há amor, não mais
que desses anos todos transformei em
legião

e teu nome envezado
teu nome que eu cuspi inteiro de mim
teu nome que eu risquei entre todas as más-línguas
do nosso vocábulo
restou nem pó nem cinzas, meu amor, não vês
que do teu inferno eu criei
mil outros - e tão semelhantes ao fel que me deixaste

cruzei mil patas num só pedaço de chão.

e eu vi: teus dias todos meus
que não adoeço
por ti
que não sofro
por ti
que não me arremesso em nada mais
em que tenhas estado: amor jamais.

outros que amo e amo, tem sim me dado
séculos e milênios: pelo que finquei na glória a todos
não a um

nem há um que de em outro em outro me façam cujo

transformei, meu amor, numa coisa só: livre e forte
e todos os teus temores na minha nobre arte.

que dá mística em te definhar
nos anos idos, teus cabelos todos coloridos de cair ao chão

nos teus gestos fúnebres que tens umidecido por temor, eu rio e tu?

quem me ensinou a arte, então, de nas trevas colher pão?
amor, não te demores, em que lhe digo: é findo é findo é findo





terça-feira, 4 de maio de 2010

Batismo

apenas não esquecer
qe
um dia de nosso descanso
são
cem dias
de rebelião - ou sem rebeliões

ou quem sabe (e nós sabemos)
do verso e do antídoto

a música que do teu espírito tiramos
a tirania dos nossos olhos
qe
te inspiramos

segue à força (seguimos)
segue ao fogo: fato do teu caminho (nós seguimos)

segue ao nosso encontro
(e seguiremos a ti)

Adestra as fraquezas e ri.
Adestramos o vento
que inspira
somos nós.

E lembra que não há traidores
não há traição: nasceste enfim.
(nascemos)

Nem haverá morte punida: posto sermos libertos
e liberta também teus olhos.
teus olhos, por nós.

Já mudaste bastante por nós? Já enviaste bastante de ti? Já amaste bastante a vitória vinda?
Já adiaste tanto, tanto, a tua partida: a tua partida, amável, é a chegada da nossa comitiva.

Eu te escuto. Eu te deixo entrar. Eu te deixo sermos.
Eu, que me entreguei, ao mundo novo: e me tornei dragão.
(rio. rimos. pontos.)

Sente, princesa, o beijo que demos em tua cabeça, era sim o teu cedo
batismo.

(nascerão outros e vários)
(de ti e de outros e vários)
(que nascerão de ti e de outros e vários que nascerão nossos)