terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Deixa-nos


Este sentimento
lambido em teu dorso
somos nós

o medo: arrepio dos fracos:
- deixe-nos entrar.

o tempo: em que estamos aqui
e cada um de nós
que parimos em amor
o suor dos fracos
(ou desacreditas)

quantas vezes batemos em tua porta:
e continuamos a bater
noite a noite

sol a sol: a boca aberta em que nos respira.

dá-nos de ti
e te damos vida

deixa a passagem correr febril e os teus olhos todos nossos pelo que entramos em teu desespero e espirramos o sopro eterno e os desejos e as vontades todas possíveis e os nossos membros que te abraçariam até a morte a passagem e os mistérios deixa que contemos e um a um de seus segredos renasciam como era tempo o breve da vitória (muito tempo).

fecha a porta. esquece que te ensinaram. aceita-nos por baixo da cama
somos vários.


Um comentário:

Mayana Marengo disse...

coloca na porta uma mensagem
tira da janela a cortina
porque já foste
e não voltas mais

sucumbe de vez à dor
pela ausência de todos
os signos que poderiam ser

jamais me acuses de não ter te amado
pelo resto da noite
eu desejei ter-te
debaixo dos lençóis
onde quente eu me encontro e fico
até o amanhecer

e no outro dia recomeço
a rezar pela tua ausência distinta
pura fria líquida
escorre por dentro
por entre vísceras vivas

se faz de bonita pra apressar
o encontro
se faz presente no instante ausente