Este sentimento
lambido em teu dorso
somos nós
o medo: arrepio dos fracos:
- deixe-nos entrar.
o tempo: em que estamos aqui
e cada um de nós
que parimos em amor
o suor dos fracos
(ou desacreditas)
quantas vezes batemos em tua porta:
e continuamos a bater
noite a noite
sol a sol: a boca aberta em que nos respira.
dá-nos de ti
e te damos vida
deixa a passagem correr febril e os teus olhos todos nossos pelo que entramos em teu desespero e espirramos o sopro eterno e os desejos e as vontades todas possíveis e os nossos membros que te abraçariam até a morte a passagem e os mistérios deixa que contemos e um a um de seus segredos renasciam como era tempo o breve da vitória (muito tempo).
fecha a porta. esquece que te ensinaram. aceita-nos por baixo da cama
somos vários.
Um comentário:
coloca na porta uma mensagem
tira da janela a cortina
porque já foste
e não voltas mais
sucumbe de vez à dor
pela ausência de todos
os signos que poderiam ser
jamais me acuses de não ter te amado
pelo resto da noite
eu desejei ter-te
debaixo dos lençóis
onde quente eu me encontro e fico
até o amanhecer
e no outro dia recomeço
a rezar pela tua ausência distinta
pura fria líquida
escorre por dentro
por entre vísceras vivas
se faz de bonita pra apressar
o encontro
se faz presente no instante ausente
Postar um comentário