quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

monólogo

estava interessado nas tuas dores e no quanto a tua liberdade era o abandono. estava sim, muito interessado em dissimular a voz: porque não é boa a habilidade física de ser gentil ou essa capacidade de sorrir com os lábios é uma maldade simples? Sim, havia mais demência na minha crueldade do que o mal, mas o bom de tudo era ouvir tuas histórias de horrores e me divertir em teus segredos. o bom de tudo era nunca narrar teus pesadelos e me deliciar em abster-me. ah, este período de abstinência - de fato - é um período doloroso, meu querido, tu não me amavas por-que antes eu te odiei.

eu estava interessado em ser-te humano quando novamente, elas, as palavras sempre surgem e se te saltam a boca um desses grunhidos: meu querido, eu também grunhi. e na fraqueza que agora se faz, por que abandonas as boas idéias e os bons sentidos? Não existe mais sentimento a mim? Ou era antes também uma obra de ilusionismo.

É que desta falta do riso e daquele meu carinho com a voz mansa, isto tudo que falam ser sofrimento... - não diga! Sofrer é um bom argumento de vida e sacrificar-te na passagem por nós é uma coisa divina. Ou seria o caso de pensares em correr para o meu colo, humilde, depois de tudo pelo qual passamos em união?

Eu estava muito interessado em saber como tu farias para despossuir-te de mim? Você, e não tu, é o nosso nome.

Longas noites de angústia e por essa neve fina respingada em ti: as lembranças de um cujo, as lembranças que ousares criar nesta neve fina que te eleva (ao fim).

Um comentário:

Marcos Klann disse...

Lindo! Adoro os seus textos querido!
bj