domingo, 21 de junho de 2009

Outro

Então eu
lhe direi te apenas
eu

com olhos a ti
e em ti
na tua garganta como se fôssemos mesma
voz:
estamos aqui.

De joelhos tu erguerá o saber quente da existência
e tu mesmo engolirás do meu sangue semi-frio (da semi-espera que sempre foste tu)
eu estive longe e me demorei:
porque o tempo não era
o tempo
nunca fora

o tempo é do outro lado de lá

presta atençã: que te abençoarei não a alma e os perdões
(já estávamos perdoados, lembra?)

mas será o início em que verás: a legião formada em mim
verás
e eu verei que ao te erguer: terás do ouro o outro todo

e um inferno todo seco
para
(florir)

que o caos e a morte e a vida ou soberana velhice
nos traga dores tão físicas
ou ínfimas
que não se possam curar

ri
que será junto nossos
risos
desesperados
e alertas: porque juntos
somos
o
outro.

Um comentário:

MM disse...

Além de....visceral. Realmente passar para o papel esses sentimento é preciso senti-los até a medula
MM