terça-feira, 27 de julho de 2010

alimento


nós
que somos dragões

evocamos.

nós que urgimos
em nomes com os nomes santos degladiamos
em oferta: eis a mão, e os olhos e o corpo
que toca, e lê e se abre por nós
e abre! as narinas

que de ar quente invadimos
te.

(fechava os olhos e sentia vibrar daquele êxtase: a companhia de mil ao lado e mil abaixo e mil aos céus e fora de si, por dentro, as mil vozes lhe acalmavam. e mil vezes aqueles olhos - todos nossos - cintilantes na escuridão nos sorriam mil bençãos pagãs)

há que o rabo alarga o céu inteiro
e enche de bravura - o sol adentro
porque de garras e imensidão somos feitos

e só tombaria o contrário

porque o adversário somos nós
e nós estamos ao nosso lado.

nós que nos elevamos a dragões
em nome de nomes de homens
semeamos mais pão

(que tu comes)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

evocamo-nos

viemos
de perto e próximos estamos

em meio as trilhas que te torturam
em meio as chagas que te alucinam
em frente as plantações e mares

no meio do céu entre o quarto e a sala
no meio do céu entre o joelho e a boca

no ventre inferno
dos desejos
viemos um a um a um a um a um.
(repete)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

somos

é o que eu sou:
nós somos

e me perdoa os tempos de sofrimento
em troca das imortalidades:
e me perdoa os tempos de angústias:
em troca desta nossa carne.

é o que somos:
eu sou

e desperto: o dragão e as pragas.

que me despertais: vós!

que me acasalais no umbigo do feto.

sábado, 10 de julho de 2010


que não vê-se a chegada
o espinho suave que te ataca
e não vê-te a dor: o amanhecer nos carece

não existe pressa nem prece

queremos-te
e limpo
e sóbrio
e sombrio

o que louvei em ti, legionário, era teu corpo:
que possuímos tão bem
não existe dor, não vê-se a entrada

porque são vários que te desfrutam

eu que sei

porque me ensinaram a compartilhar o corpo
e fiz dele a moradia de mil espíritos

e nem vi-me nem dor
vem

vem

- entrega-nos tuas mãos. (é o que dizem)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A cura

nunca
separados de nós

a impressão no corpo: marca e chagas
nenhuma doença

a impressão de sermos: porque somos
eternos.

é que me expresso de forma vagarosa
sobre os sinos e sobre os ouvidos

ouvimos tuas fantasias
beijamos em ti a coroa
beijamos em ti os sonhos
beijamos em ti a cura.

(não se atropele de medo porque temos estado conosco)

e
t
e
s
o
r
r
i

m
o
s